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Uma apaixonada pela natureza, e que sem a minha família eu nada seria. Meu pai certa vez me disse que da vida levamos só o nosso nome, e hoje eu digo que além disso, levamos as lembranças boas e ruins, e que sem esta última, jamais saberíamos reconhecer a primeira.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Olho do Dono que Engorda o Porco

Não devemos fazer como o sultão apenas delegar, temos também que fiscalizar para ter certeza de que tudo esta a contento.

 

A parábola do leão cativo

Era uma vez um sultão, que aprisionou um leão e resolveu guardá-lo para seu prazer. Nomeou um funcionário para cuidar do animal, para cujo sustento se comprometia, por ordem do imperador, a entregar, diariamente, seis libras de carne. Imediatamente, o guardião pensou que não prejudicaria a ninguém se alimentasse o seu mudo protegido com quatro libras de carne, guardando as duas restantes. Assim o fez, até que a pouco e pouco o garbo e a força do leão diminuíram de tal maneira que chamou a atenção do sultão: “Algo de estranho acontece”, disse ele. “Nomearei um funcionário superior para ter a certeza de que o primeiro cumpre fielmente o seu dever”.

Apenas realizada esta determinação, o guardião dirigiu-se a seu superior, que prontamente o convenceu de que a carne estaria muito melhor empregada, ficando eles com as duas libras em lugar de alimentar com elas o leão. Combinaram, pois, guardar o segredo e repartir entre eles a carne. Mas a vantagem do roubo não tardou em estimular o apetite do novo funcionário. Conversou com o seu subordinado e lhes foi fácil chegarem à conclusão de que se podia reduzir perfeitamente a ração do leão a três libras diárias. Faminto e consumindo-se, o pobre animal enfraquecia na prisão, alarmando-se o sultão mais do que antes. “Nomearei um terceiro funcionário”, disse, “para que vigie os outros dois”. E assim fez.

Mas aqueles só esperavam a sua primeira visita para explicar-lhe a insensatez de desperdiçar seis libras diárias de carne para alimentar um leão, quando sem nenhum esforço poderiam ficar com três libras, uma para cada um.

Poucas palavras foram necessárias para despertar-lhe o apetite, e mais: não quis reconhecer razão alguma por que poderiam tirar quatro libras da ração cotidiana de seu pobre protegido. Explicou a seus colegas que o animal poderia viver perfeitamente com duas libras por dia, e, caso contrário, não tendo o dom da palavra, não poderia tampouco queixar-se a ninguém; por que, pois, renunciar ao lucro?

Dessa maneira, o leão continuou padecendo, quase morto de fome, despojado e saqueado pelos guardiões que haviam sido nomeados para cuidarem dele, mas que, quanto maior era o número, mais padecimentos lhe causaram.

Eis um exemplo do que é comum verificar-se na coisa pública.


Lendas, Fábulas e Apólogos. Seleção, organização, tradução e notas de Yolanda L. dos Santos e Cláudia Santos. 8a ed. São Paulo

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