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Uma apaixonada pela natureza, e que sem a minha família eu nada seria. Meu pai certa vez me disse que da vida levamos só o nosso nome, e hoje eu digo que além disso, levamos as lembranças boas e ruins, e que sem esta última, jamais saberíamos reconhecer a primeira.

terça-feira, 26 de março de 2013

Lutando pelos meus direitos



O caso ao qual reclamei não aconteceu ou acontece apenas comigo, vez ou outra ouço pessoas reclamando do mesmo problema, o comprovante de pagamento apagou, o que me pergunto: as pessoas que comentaram o acontecido já fizeram reclamação ao orgão competente? Vou responder por elas: NÃO.

Sabem o porque? Elas querem que as coisas mudem por si só.

Segue abaixo uma das muitas reclamações que fiz ao PROCON, e a resposta que recebi classifico como positiva, OBTIVE uma resposta para o problema, agora cabe a mim e a quem mais se interessar informar ao gerente do banco que estão desrespeitando uma LEI, e que medidas serão tomadas para que esta agência se adéque as necessidades do consumidor.

Sempre haverá alguém que irá responder que o gerente sabe da lei e que se faz de desentendido, acredito que muitos saibam, nem todos, mas a partir do momento que você os informam da existência, número e ano da lei, ele não terá como alegar que não fora informado.

Na teoria é simples assim, na prática só fazendo para saber.






Governo do Estado de São Paulo
SECRETARIA DA JUSTIÇA E DEFESA DA CIDADANIA
FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR - PROCON/SP
Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor

Nome: xxxxxxxxxxxxxxxx
Email: xxxxxxxxxxxxxxxx
Município: São Paulo
Estado: SP
Data da compra ou assinatura do contrato: 13 de Março de 2013
Sua dúvida refere-se ao tema: 0
Fornecedor(empresa): Banco Itaú
Produto ou serviço contratado: pagamento de contas
Descrição do caso/problema apresentado:

os bancos itaú, bradesco e brasil (provavelmente os demais também), estão com uma prática que se não ilegal no mínimo prejudicial, ao efetuarmos um pagamento estão dando comprovante em papel térmico, forçando o consumidor a tira uma cópia do comprovante de pagamento para que este não se perca como tempo, e os comprovantes do banco são com fita tintada (não apagam). quando efetuamos um pagamento direto da conta corrente, o próprio extrato pode servir como comprovante de pagamento, e no caso de pagamento em dinheiro? com o que se ganha, o banco poderia custear a fita tintada para o consumidor.

Resposta:
Regiane,

Em atenção ao seu e-mail, informamos que a Lei 13.551, de 02.06.2009, obrigou as instituições financeiras estabelecidas no estado a alterarem a qualidade do papel de impressão de comprovantes de pagamento, a fim de manter as informações impressas por mais tempo. Sendo assim, não será possível a utilização do papel térmico nos caixas eletrônicos dos bancos.

Além disso, os comprovantes de pagamentos emitidos nos caixas eletrônicos deverão conter as especificações das contas de consumo, dos impostos e outras comprovações necessárias.

No que se refere ao Banco Itaú, a juíza Maria Isabel Gonçalves, da 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, entendeu que há vícios no serviço prestado pela instituição financeira, podendo a prática ser questionada em conformidade com o artigo 20, artigo 39 e artigo 51, inciso IV, todos do Código de Defesa do Consumidor.

Observando irregularidade na emissão do demonstrativo de pagamento emitido no caixa eletrônico do banco, poderá enviar correspondência para nossa Diretoria de Fiscalização, através do fax (11) 3824 0717, com atendimento das 10h às 16h.

Solicitamos que nessa carta sejam detalhados os fatos e fornecidos os dados do banco, bem como seus dados pessoais (nome e endereço completos, número do RG e um telefone para contato, se desejar). Devem ser anexados, também, os comprovantes que possuir.

Após a análise da questão, a Diretoria de Fiscalização entrará em contato.

Atenciosamente,


Marcelle Soares
Atendimento Eletrônico





segunda-feira, 4 de março de 2013

Resumo Lei 12.403/2011


O nosso Código de Processo Penal é tão extenso e tão confuso que para nós leigos se não desenhar a gente não entende. 

Texto extraído na íntegra do site http://atualidadesdodireito.com.br/

RESUMO: Como parte das reformas que tem como objetivo aprimorar o processo penal e oferecer maior efetividade à realização de justiça entrou em vigor a Lei 12.403/2011. Defendida por uns e criticada por outros, a nova lei altera dispositivos importantes do velho Código de Processo Penal, que foi editado há mais de sete décadas, quando eram outras as condições do país. O presente artigo traz comentários a respeito de tais alterações, bem como apresenta algumas críticas e sugestões. Boa leitura!

 PALAVRAS-CHAVE: Processo Penal – Prisões Cautelares – Medidas Cautelares – Liberdade – Lei 12.403/2011.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

                                                                                      A prisão é uma forma cara de tornar as pessoas piores (Douglas Hurd, ex-ministro da Justiça britânico).

      O Brasil conta atualmente com 512 mil presos – é a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos (2,3 milhões de presos) e da China (1,7 milhões de presos). Do total da população carcerária, 56% já foram condenados e estão cumprindo pena, e 44% (225 mil) são presos provisórios que ainda esperam o julgamento de seus processos (esse número abrange, além da prisão preventiva, a prisão em flagrante e também a temporária). Ainda, segundo revela os mutirões carcerários do Conselho Nacional de Justiça, muitas dessas prisões seriam desnecessárias e ilegais.

       A capacidade prisional é de cerca de 320 mil presos. Assim, o déficit no sistema prisional gira em torno de 190 mil vagas (falta lugar para quase metade dos presos). Quase 60 mil pessoas se encontram encarceradas nas delegacias, pois as penitenciárias e os cadeiões não comportam e não dispõem de infraestrutura adequada. A taxa de ocupação dos presídios é de 1,65 preso por vaga. O Brasil está atrás somente da Bolívia, que tem uma taxa de 1,66. Há cerca de 500 mil mandados de prisão já expedidos pela Justiça que não foram cumpridos. Cerca de dez mil pessoas são detidas mensalmente. O índice de punição de crimes é inferior a 10%. Isso mostra que, se a polícia fosse mais eficiente, o poder público não teria onde colocar tantos presos e a superlotação seria maior.

        Investem-se milhões para aumentar a capacidade do sistema penitenciário, mas o crescimento do número de presos supera qualquer tentativa de resolver a superlotação. A construção de novas prisões custa, em média, cerca de R$ 25 mil por vaga. Em termos de manutenção das vagas existentes, cada preso custa, em média, cerca de R$ 1.800 por mês aos cofres públicos. É muito dinheiro. Para acabar com este déficit prisional de uma só vez, calcula-se que seria preciso construir 396 prisões (cada uma com capacidade para 500 detentos) e tudo estaria resolvido.

       Sem dúvida, a prisão provisória é a grande responsável pelo boom carcerário e pelo déficit de vagas no sistema penitenciário. Além de que, é nestas cadeias fétidas e desumanas (que são regra no Brasil) que os presos provisórios (presumidamente inocente) se encontram. Celas superlotadas guardam presos que cometerem crimes sem gravidade e sem violência. Pessoas que aguardam meses, às vezes anos presa, para, ao cabo, receberem como punição uma pena diferente da privação de liberdade.

       Pois bem. Diante deste caótico (fracassado) quadro, com o objetivo (ou, pelo menos, a intenção) dos três “r” – i)reduzir a superpopulação carcerária, ii) reduzir os custos com os presos e iii) reduzir o número de pessoas que não precisam de fato estar presas (famigerados “ladrões de galinha”), sejam enviadas ao cárcere  (principalmente por serem pobres e não terem meios de contratar um bom advogado) – no dia 04 de julho de 2011, depois de tramitar por dez anos no Congresso, entrou em vigor a Lei n. 12.403/11, alterando vários dispositivos do Decreto-Lei 3.689, de 1941 (Código de Processo Penal), relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória e medidas cautelares alternativas.[1]

         Feitas essas considerações iniciais, passaremos agora a tecer alguns comentários, bem como críticas e sugestões, acerca da nova Lei 12.403, de 4 de maio de 2011.

COMENTÁRIOS À LEI 12.403, DE 4 DE MAIO DE 2011

       Com a edição da Lei 12.403/2011, o Título IX do Código de Processo Penal passou a ser denominado “Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória”, não só disciplinando a prisão cautelar, como também trazendo alternativas ao recolhimento do acusado ao cárcere durante o processo.

      Moderniza-se o cumprimento de mandados de prisão, autorizando-se a sua remessa a outra localidade por qualquer meio de comunicação, desde que se comprove a origem autêntica da ordem (art. 289 e §§, CPP).

       Temos um novo artigo: o art. 289-A. Trata-se da criação de um banco de dados de mandados de prisão em âmbito nacional, atualizado, a ser regulamentado (norma programática) e mantido pelo Conselho Nacional de Justiça. Tal banco de dados deve conter o registro de todos os mandados de prisão expedidos no País, dando margem ao seu cumprimento por qualquer autoridade policial, esteja onde estiver o procurado. Assim que a pessoa procurada é presa, compete ao juiz processante informar o CNJ para a necessária atualização das informações.

     Com a nova lei, torna-se obrigatório a separação de presos provisórios dos definitivamente condenados. Antes a lei dizia “sempre que possível”, agora a lei é impositiva, afirma a separação, evitando que réus primários convivam, em prisões superlotadas, com presos de alta periculosidade. Rompe-se com o modelo perverso pelo qual novatos aprendem com veteranos do crime. A pessoa presa ganhou uma garantia e a não separação, pela autoridade responsável, caracterizará constrangimento ilegal (art. 300, CPP).

       Insere-se no Código de Processo Penal o mesmo conteúdo do art. 5.º, LXI, da Constituição Federal, disciplinando as únicas formas legítimas de prisão no Brasil. Encerra-se, de uma vez por todas, qualquer discussão a respeito de quais são as prisões processuais existentes no Brasil: apenas a prisão preventiva e a prisão temporária. Todas as demais estão revogadas (Cf. o art. 283, CPP). Em outras palavras, não existem mais outras modalidades de prisão cautelar diversas da prisão preventiva (arts. 312 e 313, CPP) e prisão temporária (Lei 7.960/89). A prisão para apelar, a prisão decorrente de sentença condenatória recorrível, a prisão da sentença de pronúncia e a prisão administrativa estão fora do sistema processual penal brasileiro.

      Agora, antes da condenação definitiva, o sujeito só pode ser preso em três situações: flagrante delito, prisão temporária e prisão preventiva. Mas somente poderá permanecer preso nas duas últimas, não existindo mais a prisão em flagrante como hipótese de prisão cautelar garantidora do processo, ou seja, a prisão em flagrante passou a ser uma mera detenção cautelar provisório pelo prazo de 24 horas, até que o juiz decida – a prisão em flagrante não será nada após o prazo de 24 horas.

     Mantem-se a disciplina da prisão em flagrante, permitindo-se que qualquer pessoa do povo a realize e constituindo obrigação da autoridade policial (art. 301, CPP). O flagrante pode ser: a) próprio, quando o sujeito está cometendo a infração penal ou acaba de cometê-la; b) impróprio, quando há perseguição ao agente, logo após, pela autoridade, pela vítima ou qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor do delito; c) presumido, quando o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis, que façam presumir ser ele o autor da infração (art. 302, CPP). Formaliza-se a prisão em flagrante diante da autoridade competente, ouvindo-se o condutor (quem deu a voz de prisão), as testemunhas e o indiciado, se quiser manifestar-se, pois há o direito ao silêncio (art. 304, CPP).

      A nova lei amplia a garantia de comunicação obrigatória da prisão, que será feita, agora, também ao Ministério Público, além de se manter ao juiz competente, a família e a pessoa por ele indicada. Quem não tiver advogado, receberá a assistência da Defensoria Pública (art. 306, CPP).

     Toda prisão em flagrante deverá ser comunicada ao juiz no prazo máximo de 24 horas e, este, quando receber o flagrante, terá então quatro possibilidades: 1) decretar a prisão temporária, cabível nas restritas hipóteses da Lei n. 7.960/89 e somente quando imprescindível para a investigação policial de alguns crimes elencados em rol taxativo; 2) relaxar a prisão, quando ilegal; 3) conceder liberdade provisória com medidas cautelares ou sem medidas cautelares; 4) converter a prisão em flagrante em preventiva, se presente os requisitos do art. 312 do CPP e não cabível nenhuma outra medida cautelar alternativa. Qualquer medida deve ser fundamentada (fato + direito).

      Se anteriormente a prisão preventiva era aplicada excessivamente no Brasil, como uma espécie de antecipação da pena, agora, com a nova lei, a prisão preventiva (que é uma medida cautelar) passou a ser medida cautelar excepcional, aplicável apenas se outras cautelares restarem insuficientes ou forem de aplicação impossível. Trata-se da prisão cautelar, segundo LFG (2011, p. 16), como extrema ratio da ultima ratio. A regra é a liberdade; a exceção são as cautelares restritivas da liberdade (art. 319, CPP); dentre elas, por último, a prisão, por expressão previsão legal.

       Não obstante, a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação ou do processo, conforme requerimento do Ministério Público, do querelante (ação privada), do assistente de acusação (ação pública) ou por representação da autoridade policial. Em juízo ela pode ser decretada de ofício pelo magistrado (art. 311, CPP). Fala-se que a prisão preventiva pode ser de três tipos: inicial (quando decretada durante a investigação ou o processo),derivada (se resultar da conversão do flagrante) e substitutiva (em lugar de medidas cautelares descumpridas pelo agente).[2]

       Mantêm-se os mesmos requisitos para a preventiva: materialidade (existência do crime) + indício suficiente de autoria + elemento alternativo: a) garantia da ordem pública; b) garantia da ordem econômica; c) conveniência da instrução criminal; d) assegurar a aplicação da lei penal (art. 312, CPP).[3] Acrescenta-se a possibilidade de sua decretação para o descumprimento (ineficácia) de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 319, CPP).

    A prisão preventiva só será decretada nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade superior a quatro anos ou se houver reincidência em crime doloso ou ainda se o crime praticado envolver violência doméstica e familiar, não somente contra a mulher, mas também contra a criança, o adolescente, o idoso, o enfermo e a pessoa com deficiência (art. 313, CPP).

    Se o réu for primário (não reincidente) cuja pena máxima em abstrato cominada para o delito praticado for igual ou inferior a 4 anos, o juiz deverá adotar as medidas cautelares alternativas, pois o juiz não terá amparo legal para decretar a prisão preventiva do indiciado/acusado (cláusula legal objetiva).[4]

     Com a nova lei, mesmo nos crimes com pena superior a quatro anos, a prisão preventiva somente poderá ser decretada pelo juiz em último caso, se entender que nenhuma das outras medidas cautelares é adequada à situação. É dizer, ausente os requisitos que autorizam a decretação da custódia preventiva dos acusados, as medidas cautelares se impõem (lembrando que: prisão preventiva não é pressuposto de condenação).

      Importante destacar que: toda decisão, que decreta, substitui ou revoga a preventiva, deve ser motivada (art. 315, CPP).

     Em suma, restringem-se as hipóteses admissíveis da preventiva: crimes dolosos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos, reincidência dolosa e violência doméstica e familiar.

     Cria-se uma inédita hipótese de prisão preventiva utilitária, voltada ao indiciado/réu cuja identidade civil for duvidosa e não houver elementos para esclarecê-la; porém, a prisão cessa seus efeitos assim que a dúvida for sanada (art. 313, parágrafo único, CPP).

    Mantém se a vedação da aplicação de prisão preventiva a quem tiver cometido o fato típico sob o manto protetor de alguma excludente de ilicitude (art. 23, CP), devendo o juiz conceder liberdade provisória, sem fiança.

    Assim, com a nova lei, está mais claro que nunca: não se pode mais manter na cadeia, aguardando julgamento, homens e mulheres que, se condenados, receberão uma pena diferente da pena de prisão, como a prestação gratuita de serviços à comunidade ou outra pena alternativa. É dizer, não faz sentido prender provisoriamente pessoas acusadas por tais crimes, já que alguém condenado por eles dificilmente será mandado para a cadeia e cumprirá apenas uma pena alternativa.

     Surge a prisão domiciliar cautelar, que se justifica ou pela condição pessoal do agente, ou pela condição de necessidade de seus dependentes. Em lugar de se manter o preso em cárcere fechado, é inserido em recolhimento ocorrido em seu domicílio, durante as 24 horas do dia (art. 317, CPP). Cuida-se de uma faculdade do juiz, atendendo às peculiaridades do caso concreto, desde que respeitado alguns dos seguintes requisitos (rol taxativo): a) ser o agente maior de 80 anos; b) estar o agente extremamente debilitado por motivo de doença grave; c) ser o agente imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de seis anos ou com deficiência; d) ser gestante a partir do sétimo mês de gravidez ou sendo esta de alto risco (art. 318, I/IV, CPP). Caberá ao juiz deferir a prisão domiciliar diante de prova idônea dos requisitos legais (art. 318, parágrafo único, CPP).

     O art. 321 regula o cabimento da liberdade provisória para todas as hipóteses quando ausentes os requisitos da prisão preventiva. Nesse caso, deve o juiz impor uma das medidas cautelares do art. 319, alternativas à prisão.

      Sem dúvida, a maior virtude da lei é a ampliação do rol de medidas cautelares, antes centradas na prisão preventiva e na liberdade provisória. O novo art. 319 traz nove medidas cautelares diversas da prisão, para serem aplicadas com prioridade, antes de o juiz decretar a prisão preventiva que, com a reforma da Lei 12.403, passou a ser subsidiária/excepcional, em plena harmonia com o Direito Penal da intervenção mínima (Cf. NUCCI, 2011, p. 50). É dizer, as novas medidas cautelares tem preferência sobre a decretação da prisão preventiva.

       A nova sistemática confere ao Estado maior controle sobre o agente. Se entre a liberdade e a prisão nada mais havia, doravante o juiz terá à sua disposição nada menos que nove medidas cautelares de alto impacto pessoal e social.

     Para a aplicação das novas medidas cautelares processuais penais, alternativas à prisão, criam-se dois critérios básicos: necessariedade e adequabilidade. Sob o manto do primeiro, deve-se verificar a indispensabilidade para a aplicação da lei penal, para a investigação ou para a instrução criminal, além de servir para evitar a prática de infrações penais. Sob o segundo, atende-se à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado/acusado (art. 282, I/II, CPP).

      Podem pleitear as medidas cautelares, durante o processo: a) Ministério Público; b) querelante (ação privada); c) assistente de acusação (ação pública), o que antes não era permitido; Pode o juiz decretá-las de ofício. Podem requerer as medidas cautelares, durante a investigação criminal: a) Ministério Público; b) autoridade policial (por representação). O juiz não pode decretá-las de ofício (art. 282, § 2.º).

      O magistrado poderá optar por uma ou mais cautelares concomitantemente, sempre justificando sua decisão (art. 282, §1.º). As nove medidas cautelares estão previstas no art. 319 do CPP, quais sejam: i) o comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para narrar e justificar suas atividades; ii) a proibição de frequência a determinados lugares, desde que relacionados ao fato, evitando-se o risco de novas infrações; iii) a proibição de manter contato com pessoa certa, mantendo-se distante; iv) a vedação de se ausentar da Comarca, conforme a conveniência da investigação ou da instrução; v) o recolhimento domiciliar, à noite e durante as folgas; vi) a suspensão do exercício de função pública ou atividade econômica ou financeira, conforme o caso concreto; vii) a internação provisória do enfermo ou perturbado mental, havendo risco de reiteração do fato; viii) a fiança; ix) a monitoração eletrônica.[5] Expressamente, menciona-se a proibição de deixar o País, com o recolhimento do passaporte e o alerta às autoridades competentes (art. 320, CPP).

      Observa-se que várias delas já são conhecidas como condições para o gozo do sursis, livramento condicional ou regime aberto. Há, inclusive, medida cautelar utilizada como pena alternativa, caso da proibição de frequentar determinados lugares. A novidade diz respeito à internação provisória, que permite o recolhimento cautelar de enfermos e perturbados mentais, que tenham cometido fato criminoso grave, sob suspeita de reiteração. Também, outra novidade, é a monitoração eletrônica como medida cautelar, dilatando, sobremaneira, a sua relevância, antes restrita às saídas temporárias de presos no regime semiaberto e às prisões domiciliares (Cf. a Lei n.º 12.258/2010).[6]

      Quanto à fiança, que não é bem novidade, mas tinha caído em desuso, a nova lei revitalizou-a. Agora deixa de ser somente uma garantia real, aplicada na concessão de liberdade provisória, para tornar-se medida cautelar, passível de cumulação com outras medidas provisórias. Além de que, com a fiança, prestigia-se à vítima, que nela poderá buscar a reparação pelos danos sofridos.

      A lei estabelece novos critérios para o cálculo de fianças, utilizando como base o salário mínimo, bem como permitindo ao juiz que diminua ou aumente os valores, conforme a concreta situação econômica do indiciado/réu.

     A fixação da fiança pode ser feita pela autoridade policial para os casos de infrações cuja pena máxima não ultrapasse quatro anos (no valor de 01 a 100 salários mínimos). No mais, cabe ao juiz, ou seja, pena máxima superior a 04 anos, apenas o juiz poderá fixá-la (no valor de 10 a 200 salários mínimos).

     Em outras palavras, há novos valores para a fiança; a) de 1 a 100 salários mínimos para infrações cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse quatro anos; b) 10 a 200 salários mínimos para infrações cuja pena máxima atinge mais de quatro anos.

     Neste caso, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a quatro anos, o valor poderá, dependendo da condição financeira do indiciado/acusado, ser: i) dispensado para o réu pobre; ii) reduzido até o máximo de 2/3 (dois terços); ou ainda iii) aumentado em até mil vezes – e chegar a 200 mil salários mínimos, o equivalente a aproximadamente R$ 109 milhões. Uma fortuna! (art. 325, CPP).

     A fiança pode ser parcelada. Se o acusado não depositar, é preso. Até a destinação final, o dinheiro da fiança fica em conta judicial. Em caso de condenação, é usado para reparação do dano, destinado à vítima, e pagamento de multa penal e custas, ai destinado a União. Na absolvição ou extinção da ação penal, o dinheiro é devolvido ao acusado, acrescido de atualização monetária. Na hipótese de quebra da fiança (prática de ato de obstrução ao processo, descumprimento de medida cautelar imposta e resistir a ordem judicial), perderá metade do seu valor. É dizer, a pessoa fica ciente: se quiser reaver o dinheiro vai ter que cumprir as condições impostas.

     Somente são inafiançáveis os casos previstos na Constituição Federal: a) racismo; b) tortura, tráfico de drogas, terrorismo e crimes hediondos; c) delitos de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito (art. 323, CPP). Proíbe-se a fiança, ainda: a) a quem a tenha anteriormente quebrado; b) em caso de prisão civil ou militar; c) quando presentes os requisitos da preventiva (art. 324, CPP)

Todavia, não havendo necessidade de prisão preventiva, nem de providências cautelares alternativas, caberá liberdade provisória. Só que aqui, não existe a possibilidade de o juiz optar pela fiança, já que esta é vedada para tais crimes.

      Em tese, a fiança deve ficar como última medida cautelar, principalmente para detentores de poder econômico e político (v.g. indivíduos que praticarem crimes financeiros, políticos, lavagem de capitais, fraudes, e evasão de divisas). Permitindo, assim, a possibilidade de concessão de liberdade provisória, sem fiança, se o indiciado/réu apresentar precária situação econômica.

      Abrindo um parêntese, sobre a fiança, nota-se que desde que entrou em vigor a lei, magistrados estão jogando pesado, fixando valores elevados a título de fiança para os acusados.[7] Todavia, temos que destacar que o Brasil é um país pobre. O arbitramento da fiança não pode ser imposto em montantes que a tornem inacessível. Se os magistrados exagerarem na graduação do valor vão inviabilizar o instituto da fiança (v.g. em SP, 95% dos casos, as pessoas não tem condições de pagar e continuam presas). A imposição de valor num quantum inacessível ao acusado equivale a negar-lhe fiança. Não pode o magistrado querer denegar a liberdade mediante o pagamento de fiança. Não podendo pagar o acusado vai ficar preso. Tem que se haver o equilíbrio e o bom senso do magistrado.

    Não obstante, as medidas cautelares buscam dois objetivos: permitir que o acusado responda solto e garantir sua vinculação ao processo (comparecimento a atos do processo). Perceba-se: as medidas cautelares funcionarão como uma espécie de “período de prova preventivo” durante o processo. O descumprimento de obrigações impostas poderá dar ensejo ao decreto prisional.

      Todavia, a pergunta que não quer calar: “será que o Estado terá condições de aplicar (e fiscalizar) essas medidas cautelares alternativas?” Não obstante, para que a eficácia das medidas cautelares seja efetivamente garantida, é imprescindível que os órgãos responsáveis pela segurança pública se equipem com instrumentos que possibilitem a fiscalização do cumprimento das medidas.

    Outro ponto que se destaca é a premente necessidade de aquisição de tornozeleiras eletrônicas por parte do Estado. Somente com esse equipamento o inciso IX do artigo 319 do CPP terá aplicação prática. Além disso, as tornozeleiras facilitariam a fiscalização de outras medidas cautelares.

     O descumprimento da medida cautelar pode gerar a sua substituição por outra medida, a cumulação com outra restrição ou, em último caso, a decretação da preventiva (art. 282, §4.º, CPP).

     Segundo Guilherme de Souza Nucci (2011, p. 88), “o sucesso ou fracasso das novas medidas dependerá de dois fatores preponderantes: a) a efetiva aplicação pelos juízes; b) o apoio, em forma de recurso estatal, para muitas delas, como, por exemplo, a monitoração eletrônica.” Inclusive, a medida mais cara é o monitoramento eletrônico, com custo aproximado de R$ 600 a 800 (aparelho) e R$ 100 por mês (manutenção).

     Para fechar este tópico, com a nova lei, quatro artigos do velho Código de Processo Penal foram expressamente revogados – arts. 323, IV; 393; 439 e 595.

    Agora, revogou-se a hipótese de prisão do réu vadio, extirpando-se mais um dispositivo inconstitucional presente no CPP, pois a ciência criminal deve ser direcionada aos fatos praticados, e não desenhado pelo legislador para determinado grupo de pessoas (MARQUES, 2011).

    Não há, como efeito da sentença condenatória, a prisão processual obrigatória.

     O jurado mantém o direito à prisão especial, com base no art. 295, X, do CPP, embora revogado a segunda parte do art. 439 do mesmo Código.

    A revogação do art. 595, que consolida o entendimento de que o conhecimento da apelação do réu não se vincula à sua prisão processual. É dizer, não há mais que se falar em deserção pela fuga do réu, após ter apelado, tendo em vista a revogação do art. 595 do CPP e a regra contida na Súmula 347 do STJ: “O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”. Inclusiva, há tempo vínhamos sustentando a patente inconstitucionalidade deste dispositivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Para os opositores, com a entrada da lei no país, se estaria na contramão da histórica, pois a maioria dos países vem adotando leis mais severas para combater a criminalidade.[8] Eles também afirmam que comprometerá a segurança pública, temendo que a liberação dos acusados cause sensação de insegurança na sociedade, além de reforçar o sentimento de impunidade na população, que vai desacreditar o trabalho da polícia, já que a pessoa que é presa será colocada imediatamente em liberdade.

       Com a devida vênia, este movimento contrário a lei tem uma explicação sociocultural: a gente acha que alguém só é punido quando é preso. Não obstante, a lei não vai abrir caminho à impunidade. Não são todos os presos provisórios que vão para a rua, já que a maior parte desse contingente não se enquadra no perfil estabelecido pelo recente diploma legal, além de que, mesmo que as mudanças tenham entrado em vigor, é preciso que um advogado representando o preso provisório solicite a soltura e que um juiz aceite o pedido. Por essa razão, nem todos os que têm direito à liberdade, conforme a lei, deixarão a prisão. Na verdade, quem vai ser libertado é por que não deveria estar preso.

     Destarte, há uma ilusão na sociedade, pois as pessoas acham que a prisão garante a segurança pública, mas, na maioria das vezes, a prisão é que produz o próximo problema, pois mais inseguro ainda é deixar essas pessoas presas, convivendo com criminosos experientes. Manter na prisão quem comete infrações sem violência, não é perigoso nem se constitui em ameaça concreta ao convívio social é uma insensatez e desperdício dos recursos gerados com o pagamento de nossos impostos. Também, temos que lembrar que a prisão preventiva não é para punir. É uma medida, excepcional, aplicada antes de uma pessoa ser considerada culpada. A regra é: o processo você aguarda em liberdade.

     A Lei n.º 12.403/2011 constitui, sem dúvida alguma, em nosso entendimento, avanço e importante instrumento de justiça, por colocar a prisão, de uma vez por todas, como uma medida de exceção. Utilizando os dizeres de Luiz Flávio Gomes (2011, p. 25) “a prisão cautelar é a extrama ratio da ultima ratio (que é o direito penal)”.

    A liberdade não é algo passível de devolução. Um presumido inocente não será levado à prisão injustificadamente. Esse é o paradigma constitucional. Ou seja, a reforma da lei elimina a cultura judicial do país de prender cautelarmente os que são presumidos inocentes pela Constituição Federal. Desde 1988, nossa Carta Política impõe ao Estado que ninguém seja levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade (inciso LXVI do artigo 5.º). Agora, abre-se um leque para a imposição de medidas cautelares (diversas da prisão) de caráter pessoal, permitindo a fiscalização sobre quem é suspeito e está sendo processado, fortificando o princípio constitucional da presunção de não culpabilidade.

   Por fim, caberá ao Poder Judiciário traçar estratégias e aplicá-la com vontade e criatividade, para dela extrair o máximo de efetividade. Contudo, para garantir a eficácia dessas medidas é imprescindível que o Estado forneça os instrumentos necessários a sua fiscalização, sob pena de a nova Lei não conseguir consagrar seus princípios.

sábado, 2 de março de 2013

Segurança privada nos estádios.

Como se não basta-se Aldo Rebelo achar que os clubes de futebol deveriam ser isentos de impostos alegando que são entidades sem fins lucrativos, agora o Coronel reformado Celso Feliciano de Oliveira, em entrevista no Jornal Bandeiras Gente, tendo como âncora José Paulo de Andrade, acredita que o melhor para os torcedores seria que a segurança nos estádios fossem feitas por empresas privadas, os Tigres que o digam. Uma rápida pincelada.

Bom senso não faz mal a ninguém, principalmente em se tratando de segurança que é uma obrigação do estado. Qual é o interesse em transferi-la para empresas privadas? Quem são estas empresas de segurança? Quem lucra com esta medida? E o mais importante. A quem pertencem estas empresas?

Sempre que vejo uma empresa privada incorporando uma obrigação do estado eu me pergunto: Se é galinha morta porque vemos empresas se atropelando para assumir o galinheiro. Com a segurança dos estádios não será diferente. 

Vendo pelo lado da segurança dos torcedores, isso tem poucas chances de dar certo. Com tantas picuinhas entre torcidas, quem em seu juízo perfeito ficaria tranqüilo ao saber que a sua segurança estaria sendo feita por seguranças contratados pelo rival. Muitos dirão que estes profissionais são altamente qualificados para o serviço, não duvido que sejam ótimos profissionais, mais no quesito imparcialidade PODEM deixar a desejar. Como tudo na vida são suposições, mais uma para o São Tomé.  

Para demonstrar o que estou dizendo é bem simples. Toda transação comercial gera uma forma de pagamento, seja esta em espécie ou não, e prestação de serviços (segurança) não seria diferente. 

O futebol é uma profissão como qualquer outra, TODO JOGADOR PRECISA SE MANTER, ele presta um serviço e é pago por isso, nada mais justo, é assim com todas as outras profissões, não conheço ninguém que trabalhe de graça, temos que pensar no que é melhor par NÓS, isso é ser profissional, certo? CERTO. 

Então me diga por que é que se jogam moedas no campo quando um jogador muda de time? Que direito nós temos em pensar em nós e eles não? Se a resposta for porque futebol é paixão, eu aponto esta mesma resposta como motivo para que a segurança dos estádios não sejam feitas por segurança privada, quem é que vai cuspir no prato que come ficando contra o clube que esta pagando o seu salário.
Segurança ter que ser imparcial.